08/09/2011

"Como vai?" é o que todos perguntam quando me olham, mas não me vêem. E antes que eu possa responder, se afastam. Não, não há interesse em saber.

22/08/2011

Houve um tempo em que eu admirava quem sabia falar. Ainda admiro, mas hoje os meus heróis são os que sabem calar.


18/08/2011

No fim de tudo, há frio. Por isso eu às vezes ando em círculos. Tenho medo de sentir frio, tenho medo de chegar ao fim, confesso.

Eu não sei. E por ora, não quero mesmo saber. Vou defender o meu direito sagrado de não descobrir o que não quero ver.


17/08/2011

Sentiu-se violada. E depois livre. E de tanta liberdade acabou presa nas próprias convicções.


16/08/2011

Havia uma pedra no meio do caminho. A mesma pedra de sempre, mas dessa vez maior. Tentou ultrapassá-la, mas não teve jeito: tropeçou, caiu e pôs-se a chorar.





Vendo a cena, um transeunte resolvou dizer que a amava, na esperança que ela se sentisse melhor. Não funcionou.



Até que alguém resolveu estender a mão na qual ela se apoiou para se levantar. Sentiu-se amada, então. E já de pé, mais uma vez descobriu o que já sabia: palavras são só palavras.

15/08/2011


Foi-se o tempo em que fui carente por não ter. Hoje sou carente por tudo o que sobra. Sobram-me palavras não compreendidas, dias perdidos, horas desperdiçadas, sentimentos não despertados, histórias não compartilhadas, ideias não trocadas, partes de mim não desvendadas. Sobra-me ausência em tudo o que me falta.

14/08/2011


Tem horas em que só quero sair correndo para longe de tudo. Depois descansar de mim mesma. E deixar todos descansarem também.



É preciso ser forte para lidar com a fraqueza alheia. Principalmente se ela te atinge, de alguma maneira. Ainda assim: fica comigo essa noite?

01/08/2011


Gosto de sal e de açúcar. Mas sempre que coloco sal onde deveria pôr açúcar, provo, mas não aprovo. Da mesma forma, gosto de senso de humor e de seriedade. Lamento apenas quando o senso de humor ocupa a porção da seriedade. Ou quando tudo é tão sério e falta justamente o senso de humor para dar leveza a uma contrariedade. Posso até provar, mas não engulo.

27/07/2011

Eu não entendo. Deveria usar essa frase mais vezes. Toda vez que alguém me magoar, ofender ou agredir gratuitamente, de hoje em diante apenas vou dizer: eu não entendo.


25/07/2011

Estou cheia! Há quem veja uma crítica nessa frase. Eu vejo uma súplica. Estou cheia de vontades sufocadas, do que contar, do que mostrar, do que viver, do que experimentar. Estou cheia de tudo isso que me faz ser bem mais do que você já conhece, bem mais do que já pôde olhar.



Se quiseres mudar isso, não precisas reclamar: basta dar-me algum espaço para, sobre ti, eu transbordar.






"Há uma luz no fim do túnel". Foram as últimas palavras dela antes de ser atropelada por um trem. Ela ainda vive: sofrida, trôpega, doente. Aqui jaz apenas mais uma ilusão.

20/07/2011

Falava tudo o que pensava. Dessa forma, dizia não estar guardando lixos dentro de si. Até que um dia deu-se conta que, ainda assim, convivia com o mau cheiro: ao despejar seu lixo, impregnou todos ao seu redor.




Gostaria de poder voltar atrás e reciclar ao invés de despejar. Mas a vida é para frente, mesmo quando ficamos para trás. Paciência.

19/07/2011

Falar sobre a solidão? Sou mãe de ninguém. Esposa de ninguém. Filha de ninguém. Neta de ninguém. Sobrinha de ninguém. Percebe? Ninguém é a minha mais fiel companhia.


18/07/2011




Desde então decidi: não permito que me roubem o sono, se não for para me fazer sonhar.

14/07/2011


Percorro os olhos na casa e vejo tudo bagunçado. Fecho os olhos depressa e não os abro mais. Tenho medo de olhar de novo e descobrir que tudo está no lugar. Menos eu.


13/07/2011


Tem o péssimo hábito de esquecer as promessas que faz. Já me importei com isso, mas agora esqueço também. Das promessas? Não, não. Esqueço dele. E assim como ele, finjo lembrar.


30/05/2011

Houve uma época em que qualquer toque me feria. Que mãos pesadas, eu reclamava! Até perceber que eram plumas que me tocavam. E que quem tinha a pele em carne viva era eu.

28/05/2011

Sempre que encontro um pedaço de mundo pelo caminho, se me apego, carrego nas costas. Hoje já não sei mais o que fazer com tanto peso. E com tanto apego. Preciso sair do lugar porque até enxergo o longe, mas não consigo me mover.

16/05/2011

Eu não quero a paz de um amor tranqüilo. Eu quero mais. Quero a ebulição de um amor intenso, mas que ainda assim – e também por isso – me traga paz.


04/05/2011


Tudo é tão raso a minha volta que mesmo quando tento mergulhar, meu corpo, quando muito, flutua...




... é como tentar nadar em uma banheira um pouco cheia, um pouco vazia, mas essencialmente banheira. Nada mais do que isso.



A banheira, de Edgar Degas

03/05/2011


Estou muda. Taparam-me a boca. Gritos? Só se for por dentro. Para não incomodar.





O Grito, quadro de Evard Munch

29/04/2011


Eu sou única. Mas também sou múltipla. Mais do que isso: sou única, na minha multiplicidade.

28/04/2011


Repouse. Pouse. Ouse. Use. E devora-me, no final.

O beijo, quadro de Gustav Klimt

27/04/2011

Nunca fui mapa. Por isso vivo perdida em mim mesma. Mas sempre que me encontro bato palmas, comemoro. É sempre bom rever pessoas queridas.


Le miroir (O espelho). Pintura de Paul Delvaux, 1936

26/04/2011


Dizem que não é fácil transformar sentimentos em palavras. Para mim é. Minha dificuldade está em depois das palavras, pegar todos os cacos que sobraram e fazer com eles castelos. E sem cortar os dedos.


25/04/2011

Talvez a morte não seja o fim. Já morri tantas vezes e veja: ainda estou aqui.